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O coronavírus desafia o bom senso

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style="width: 100%;" data-filename="retriever">Estou severamente confinado porque sou do "grupo de risco" e tenho familiares com certa rigidez germânica. Tudo dentro de regras necessárias diante do avanço do coronavírus. Continuo pensando em bom senso e na deficiência deste em atitudes das autoridades aos cidadãos.

Meu bom senso aponta que em situações críticas e emergenciais é necessário haver comando unificado. Vale para guerra, epidemias e outras grandes tragédias. Certa vez, quando amigo candidato no meio de uma campanha eleitoral começou a ter dúvidas sobre a legitimidade de participar naquele pleito, disse-lhe: "Não é na trincheira, sob o fogo do inimigo, que se contesta a legitimidade da guerra; é antes ou depois ou se leva bala". Tenho como essencial cumprir as orientações das autoridades institucionais e sanitárias neste momento de pandemia. Mesmo que aqui ou ali possa ter dúvidas.

Todavia, assusta-me o festival de ações desprovidas de bom senso. Inicia no primeiro mandatário da Nação que parece nada afeito a regras, não gosta do controle de velocidade nas rodovias, odeia restrições ambientais e áreas de preservação, exalta o uso de armas e condutas irregulares. Nem como militar da ativa foi disciplinado.

Em meio à emergência desta pandemia, comporta-se como dissidente em relação às orientações da área especializada de seu governo e dos que coordenam em cada jurisdição as medidas de prevenção. Motiva seguidores sectários a se exporem aos riscos do contágio, conflita com instituições, cria dúvidas perigosas na população.

Nesta semana, mais um episódio desconcertante após pronunciamento que parecia recuperar algum equilíbrio: alguém postou vídeo falso, como tantos na internet, para causar pânico e mostrando centro de abastecimento mineiro, uma Ceasa, sem produtos. As televisões imediatamente fizeram imagens ao vivo com a movimentação normal naquela Ceasa e seus dirigentes desmentiram a falta de produtos. Pois, o primeiro mandatário tinha reproduzido o falso vídeo numa de suas redes sociais e teve de apagá-lo.

Além da irresponsabilidade de reproduzir "fake news" sem conferir, o que dizer de um chefe de Estado que parece assim atiçar a angústia ou o pânico de seus governados, que intenção teria?

Incomoda-me o comportamento social dos que se agruparam em praias e parques, desdenhando da regra do distanciamento. A resposta radical das autoridades também não me agradou, mas necessária: praias e parques fechados. O ideal seria que as pessoas sozinhas pudessem caminhar ao ar livre. Sol e vitamina D são úteis até mesmo para fortalecer diante da Covid-19. Enfim, o bom senso deveria modular o isolamento social e as atividades essenciais.

Mesmo no confinamento dos lares, muitos impasses entre vetustos avós que agora se lembram de sua geração rebelde e transgressora do "rock and roll" e filhos e netos aproveitando para devolver as restrições educativas sofridas na juventude. Melhor bom senso, queridos(as)!



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